"Descubra por que líderes árabes evitam pressionar o Hamas à rendição e como interesses ocultos moldam o futuro da causa palestina."
A resposta envolve mais do que diplomacia — trata-se de um jogo estratégico em que política, rivalidades históricas e interesses ocultos se entrelaçam.
1. Interesses divergentes no mundo árabe
Apesar de compartilharem laços culturais e religiosos, os países árabes possuem agendas geopolíticas muito diferentes:
- Egito: Prioriza estabilidade na fronteira com Gaza, mas teme fortalecer grupos radicais internos ligados à Irmandade Muçulmana, da qual o Hamas é um braço.
- Qatar: Hospeda líderes do Hamas e se beneficia de seu papel como mediador, ganhando relevância internacional.
- Arábia Saudita: Deseja conter o Hamas, aliado do Irã, mas evita se posicionar de forma que prejudique sua imagem como defensora da causa palestina.
- Irã: O Irã, embora não árabe, usa o Hamas como peça estratégica para pressionar Israel e desafiar o Ocidente.
2. Rivalidades internas e a “guerra fria” árabe
O mundo árabe não é um bloco unido. Há um embate constante entre:
- Países alinhados ao Ocidente (Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito).
- Países e grupos alinhados ao eixo pró-Irã (Síria, Hezbollah, Hamas, Houtis).
Pressionar o Hamas equivaleria, para muitos, a ficar do lado de Israel — algo politicamente tóxico para suas populações, mesmo que, nos bastidores, vejam vantagem nisso.
3. O que ganham com o caos
Embora a instabilidade traga sofrimento, alguns governos e grupos lucram com a crise:
- Pressão constante sobre Israel, impedindo-o de avançar em acordos regionais.
- Unificação interna contra um “inimigo externo”, desviando atenção de problemas econômicos e sociais.
- Mercado de armas e alianças militares fortalecidas pela dependência criada pelo conflito.
- Equilíbrio estratégico com o Irã, evitando que um vácuo de poder seja ocupado por forças ainda mais hostis ou imprevisíveis.
Conclusão
A ausência de uma pressão árabe unificada sobre o Hamas não é fruto de incapacidade, mas de cálculo estratégico. Para muitos líderes da região, o Hamas representa ao mesmo tempo um problema e uma ferramenta de influência.
Enquanto a geopolítica prevalecer sobre o humanitarismo, a rendição do grupo continuará sendo improvável — e os reféns seguirão como peças em um tabuleiro em que o objetivo não é apenas vencer, mas manter o jogo em andamento.
