Quando o Cristão Não Deve Orar:

A Incoerência Entre Fé e Voto

A oração é uma das maiores expressões de fé do cristão. É através dela que buscamos direção, intercedemos pelo próximo e suplicamos a intervenção de Deus diante das crises do mundo. No entanto, há momentos em que a oração se torna incoerente, não pela sua essência, mas pela contradição entre o que pedimos a Deus e as escolhas práticas que fazemos no dia a dia — especialmente no campo político.

Muitos cristãos oram pedindo o fim do aborto, da legalização das drogas, da corrupção, da injustiça social e da destruição da família. Também clamam pelas igrejas perseguidas no mundo, pedindo proteção para irmãos que sofrem perseguições em países onde a fé em Cristo é proibida ou limitada. Contudo, ao depositarem seu voto em candidatos e partidos que defendem exatamente essas bandeiras contrárias à fé cristã, acabam dando legalidade espiritual e prática para que tais agendas avancem.

É uma contradição clamar a Deus por justiça e, ao mesmo tempo, sustentar com o voto estruturas de governo que promovem a injustiça. É incoerente pedir proteção à família e, ao mesmo tempo, fortalecer políticos que relativizam valores morais ou promovem ideologias que corroem a base da fé cristã.

A Bíblia nos mostra que a fé sem obras é morta (Tiago 2:26). Da mesma forma, a oração sem coerência também se torna vazia. Deus não se agrada de lábios que O honram enquanto o coração e as atitudes caminham em outra direção (Isaías 29:13). Votar é um ato de responsabilidade espiritual, pois implica escolher quem dará forma às leis, políticas públicas e valores que afetarão toda a sociedade.

Quando o cristão dá seu apoio a líderes que são avessos à sua fé, ele está, de certo modo, abrindo mão da autoridade que tem em Cristo e transferindo-a a um sistema contrário ao Reino de Deus. E, nesse contexto, suas orações por mudança soam como um paradoxo: pedir que Deus desfaça aquilo que o próprio cristão ajudou a legitimar.

Portanto, antes de orar pedindo a intervenção divina, é necessário refletir sobre a coerência entre fé, voto e prática. A oração verdadeira deve caminhar de mãos dadas com a responsabilidade cidadã e com escolhas que honrem os princípios bíblicos. Do contrário, estaremos apenas pronunciando palavras, mas negando sua eficácia com nossas próprias atitudes.

Em resumo: não é que o cristão não deva orar — mas ele não pode esperar resultados de uma oração que contradiz sua prática. A oração que move o coração de Deus é aquela que nasce de uma vida alinhada com a verdade.

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